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sábado, 20 de março de 2010

Como uma pessoa deve se sentir quando leva um fora

Mais um sábado chegou e apesar da tempestade de horas atrás que por sinal derrubou inpumeras árvores em minha cidade, consigo finalmente me sentar para preparar o post de hoje. Esta semana a crônica fala sobre sentimento, como devemos , ou pelo menos, deveríamos no sentir quando levamos um fora de alguém especial. O autor o publicitário e escrito, Samir Mesquita. Samir gosta de formatos inusitados em seus livros, escreveu "Dois Palitos" que vem dentro de uma caixa de fósforos , e 18:30, obra impressa sobre um mapa de trânsito.

O que sentir quando levamos um fora

Você é NÃO.Você não é tudo pra mim. Não é minha única causa nem minha única guerra. Seu nome não é o título de minha história. E meu silêncio não é propriedade exclusiva sua. Você não é meu único carnaval. E não são apenas seus defeitos que me irritam. Não sou monoteísta para adorar um único deus. e não imagine que sua mão estaria sozinha para me socorrer. Meu vocabulário não se limita a seus adjetivos - existem mais sete maravilhas no mundo além de você. Não são só suas sardas que tenho para contar. Você não é minha única adrenalina. E nem todos os componentes de meu Prozac.

Você não é cada cada centímetro quadrado do meu chão. O amanhã acontecerá com ou sem você. Meu interesse não é restrito a suas polêmicas. Não só suas piadas me fazem rir. E seus ouvidos não são os cúmplices de todas as minhas confissões. Você é só uma das minhas Minha conta telefônica não vem obssessivamente com o seu número e no meu Ipod existem 6.784 músicas além da nossa. Quando olho para o meu umbigo, não é você que vejo. Sua tristeza não é a única que me comove. E as pernas que me sustentam não são VOCÊ.

Não sou teleguiado, conheço muitos outros endereços além do seur que meus pensamentos são monopólio seu, você é só  um dos sótãos em que me escondo. Você não é meu único álibi. Existem outras pessoas das quais também espero perdão. Você não é um compromisso onipresente na minha agenda. Outros elementos também compões minhas fotos. Você sozinho(a) não mata minha fome. E não sejamos hipócritas: há outras peles que me excitam e outros perfumes no ar além do seu. Você não é o único com 36,5°C. E não é apenas seu corpo que pode abrigar meu sexo. Você NÃO é meu único vício.

E por não ser tudo isso, por ser uma entre tantas alternativas, você é meu NÃO  a todas as outras. Você é a escolha. Aquele a quem sou devota não por dever ou coerção. Meu sim a você é um exércicio de livre-arbítrio praticado segundo a segundo. Sim a um contrato  sentimental que nada distingue, separa, sobrepõe ou submete. Sim a uma política de boa convivência sem falsidades e sob todos os esforços. Sim àquele que me desperta a curiosidade de uma aprendiz e faz de mim um embrião a multiplicar e ser, a cada dia, uma nova pessoa e também a mesma. Sim a quem, quando me vejo na velhice, ainda espero ter para conversar. Um sentimento que existe não por dependência e nunca usado como moeda de troca. Peça fundamental no equilíbrio de meu caos.

Você é aquele por quem me arrisco a cruzar todos os limites da comodidade para tentar ser melhor. Você é aquilo que me falta dia a dia, que desejo e persigo. Obra em aberto que me inquieta e me encanta. Mas hoje você é NÃO. Essas três letras saídas da sua boca que ecoam em mim. E me dilaceram. Palavra que outras vezes já ouvi e só provou que sou capaz de sofrer mais, como também de um amor ainda maior. Negativa à qual, a partir de agora, você se resume pra mim. Porque , SE VOCÊ É  NÃO, EU SOU SIM AO QUE ME ESPERA.  

Samir Mesquita

Fonte:Revista Cláudia -Mês Junho 2009

Bom, esta crônica me "caiu" nas mãos diretamente na sala do dentista ontem. Como  a dentista em questão é minha irmã, não me fiz de rogada e arranquei a página da revista, que não era nova, mas sim do meio de 2009. Lí, reli, lí novamente ... enfim o texto me chamou a atenção porque realmente quando nos vemos na situação de sermos preteridos por alguém que amamos a primeira vista parece que o mundo para de girar. Só que graças a  Deus, essa sensação de impotência e imobilidade não dura muito tempo , na maioria dos casos pelo menos. Ai você pode estar se perguntando, mais porque não dura, se o sentimento por essa pessoa é verdadeiro?! Simples, ao sermos preteridos não importa porque motivo for, começamos a ver a situação de fora, fazendo isto vemos todos os erros que poderiam ter sido evitados, o maior deles achar que não viveria sem a outra pessoa.

Neste ponto amei a crônica do Samir. Esse publicitário é um gênio, pois soube retratar com louvor a sensação que a  maioria de nós sentimos alguns dias após tomar um fora. Se no momento temos impressão que o mundo caiu, que estamos desorientados sem a presença do objeto amado, temos porém a oportunidade de olhar em volta. Este SIM AO QUE ME ESPERA, é o ponto chave deste texto, porque é o momento que começamos a perceber o mundo a nossa volta, outras pessoas que nos observam, nos querem bem, demonstram seu carinho e interesse e a gente cega num via isso. Não pensem que isso significa que iremos esquecer aquele(a) que nos preteriu da noite para o dia, mas apenas nos abriremos a novos horizontes que fatalmente nos farão ver que há vida após aquele amor arrebatador que carregávamos no peito. Detalhe: essa vida pós fora, pode ser bem melhor que a anterior.

Márcia Canêdo  

By JORNALISMO ANTENADO with 14 comments

14 comentários:

Olá querida amiga Márcia,

Gostei muito do texto que publicou.

E você tem toda razão, a vida pós fora pode ser muito melhor. Se num relacionamento acontece um fora é porque a ruptura na harmonia e equilíbrio do romance já ocorreu em algum momento. E, findo o amor verdadeiro, completo, de doação de um para o outro, certamente a felicidade não alcançará o ápice em tempo algum. Melhor será passar a etapa do fora e sofrer no momento, e não se fechar, triste e só para a vida, mas, abrir o coração a espera do amor supremo.
Parabéns pela escolha do texto.
Carinhoso e fraterno abraço,
Lilian

Olá querida Márcia,

Muito bacana mesmo a crônica! Para mim, a figura já diz tudo: Ame-se! (ou ame a si mesmo).

Não podemos amar alguém se nós mesmos não nos amamos. E como podemos amar alguém que traz um sentimento tão ruim quanto o de rejeição?

O amor à primeira vista pode ser um "encanto à primeira vista", depois com o tempo, quando se verifica que realmente há sintonia no casal, aí sim o amor se confirma.

Beijos.

Acredito que algumas vezes pode-se respirar fundo e dizer "enfim, acabou", outras, dependendo, a pessoa fica realmente arrasada. No final de meu casamento, não fiquei arrasada com o final, na verdade aliviada, porém, não gostei do "trato animalesco" que poderia jamais ter acontecido.

Bsj

Márcia... pode apostar que ninguém tem responsabilidade por nossa felicidade... ela é responsabilidade nossa! Assim, depois de levar um fora de alguém a quem entregávamos a responsabilidade da nossa felicidade, descobrir que nem de longe se deixa de viver e ser feliz é o que torna a vida pós fora ainda melhor!
E pode apostar que muito cedo também começamos a ver a pessoa com os olhos da realidade....
Beijo no coração

Oii minha amiga Marcia

Essa cronica é muito atual, pois como hoje em dia a maiorida dos relacionamentos acabam bem rapido,a propensão de lavar um NÃO, é bem maior.Mas acho que o melhor remedio para curar um fora, é o tempo, ele é o senhor da razao, as vezes é necessario você levar um não agora, para la na frente voce ganhar um sim, temos que aprender a conviver com os varios não que levamos na nossa vida.
Bjs no coração

Muito boa crênia, amar a aos outros como a ti próprio.
Abraços forte

um fora pode ser uma tempestade no primeiro momento, mas as vezes foi a melhor coisa que poderia ter acontecido ...

bj

Querida Marcia
Excelente texto!
Quando uma relação acaba assim,é que o amor verdadeiro não existia,ou era apenas um conhecimento entre dois seres que não estavam destinados a estar juntoa para sempre.
E quando isso acontece ,o primeiro a fazer é olhar á volta e ver a quantidade de maravilhas que estão á nossa espera!
beijnhos
joana

Beleza de postagem, Márcia!

Infelizmente nem todo mundo tem equilibrio suficiente, para quando levar um fora, decidir como deve se sentir.

Isso requer maturidade e, principalmente muito amor próprio.

Quando a gente se ama o suficiente, tem coragem para seguir adiante... até um caminho de pedras pode se tornar uma estrada de flores.

Obrigada pela partilha, querida! Beijo grande

Márcia,

Leva um tempinho para escrever uma crônica como esta. Talvez depois de alguns "foras', outros "nãos", a maturidade emocional nos permite escrever, com outras palavras e atitudes, que "SOU SIM AO QUE ME ESPERA". Ou, mais "por cima ainda": "ele (a) não me merece!"
Não é não e suficiente por si só. Analisei a crônica me colocando no lugar de quem recebeu o não + todas as demais ponderações.

Se não sou "cada centímetro quadrado do meu chão. O amanhã acontecerá com ou sem você. Meu interesse não é restrito a suas polêmicas. Não só suas piadas me fazem rir"... etc. Realmente esta pessoa não me merece. Não quero ser centímetro, quero ser milímetro e quilômetro de quem me queira.

Abraço do amigo,

Antonio

Eu leio; leio e confesso: cada vez me fortaleço mais disto: Ninguém tem responsabilidade pela felicidade do outro e, se houver um rompimento na relação é porque já houveram tantos outros iguais para findar. O que não podemos é depositar esta responsabilidade. Isto é fato. Belíssima crônica! Posso por em meu blog? Eu amei!

Márcia,

Que crónica espantosa. Adorei. Penso que está tudo aí: goste de si. Goste muito de si. Só assim se consegue amar profundamente e também enfrentar os dissabores de um "fora".

Excelente, minha querida!

Beijocas
Luísa

É minha amiga Márcia, quando encontramos um texto, como este, ficamos assim, meio perdido nas entrelinhas. Um texto rico e maravilhoso nos detalhes. E quando encontramos luz no reflexo do espelho, deiche brilhar seus olhos intensamente. Nos amarmos é o primeiro ato de cada novo dia.

um abraço,

Herminio Neves.

um fora pode ser uma tempestade no primeiro momento, mas as vezes foi a melhor coisa que poderia ter acontecido ...

bj

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