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quarta-feira, 18 de novembro de 2009

Respeito é bom por Lya Luft

Respeito é bom


"Respeito é bom e eu gosto", diz uma das mil frases feitas - esse sutil veneno ou pontapé no estômago - que pontilham nossa sabedoria dita popular. Vale para muitos aspectos da nossa vida. Vamos ver alguns.
Escuto frequentementea queixa de mulheres de que ainda não são respeitadas como merecem, em seu trabalho ou individualmente. Primeiro, é uma questão de tempo, pois em que quase todos os terítórios da atividade humana, menos cozinhar e parir, mulheres são novidade. Ainda estamos buscando nosso jeito de trabalhar, de comandar, de usar nossa autonomia. 

Certa vez, querendo me elogiar, um crítico escreveu: "(...) é uma excelente escritora, pois embora sendo mulher, escreve com mão de homem". Isso por si basta para reconhecer a carga de preconceito que sobrevive mesmo entre pessoas com certo preparo, inclusive mulheres, diga-se de passagem, que em geral são os piores juízes de outras mulheres. Se ela faz bem um trabalho (vale para juízas,  reitoras,  governadoras, vereadoras, motoristas de ônibus, policiais, grandes cirurgiãs etc.), é porque o faz como homem. Quantas gerações terão de passar , para que isso mude?

Esse preconceito é demorado e obstinado, e nós mulheres colaboramos com ele dando nossa melancólica parcela, por exemplo, no jeito como nos portamos, como nos vestimos, como agimos no trivial, ou quando estamos no poder, qualquer poder. Não é por nada que boa parte das propagandas de quaisquer produtos usa mulheres quase nuas ou em trejeitos sensuais: vende, dá ibope, dá vontade de comprar ... o que é um modo de poder. Falo com certa frequência na psicóloga que atende seus pacientes de minissaia ou profundos decotes, e digo que , lidando com a alma desses pacientes, a roupa não parece muito adequada. Nada contra a peça de roupa, desde que num corpo adolescente: adolescentes ainda não atendem pessoas com problemas psicológicos.


Enquanto nos portarmos feito crianças pouco inteligentes, ou enquanto nosso maior trunfo forem nádegas firmes, fica difícil reclamar que não nos respeitam o bastante. Estarei dando muito valor e exterioridades como saia, jóias, trejeitos? Estou. A aparência é nosso primeiro cartão de visita dizendo coisas como: eu me acho linda, eu sou sensual, estou consciente disso. O segundo cartão é a linguagem: se eu não sei nem articular direito meu pensamento falando ou escrevendo, não vou ser um grande candidato a um emprego razoável, pelo menos um cargo em que eu precise pensar ...  e falar. 

Pais também se queixam de que os filhos não os respeitam. Um bom começo de diálogo é indagar como eles, pais, se portam em casa. Gentis um com o outro, com empregadas, com os filhos - ou a gente acha que dentro da porta da casa, com os filhos, vale tudo, até grosseria e falta de compostura? O comportamento das crianças e adolescentes e seus conceitos sobre o mundo (eles os têm desde cedo, não se iludam!) refletemsua casa. Um pouco incômodo: querendo ou não, somos seus primeiros modelos, e eles percebem muito bemo que é natural e o que é fingido em nós.

Isso se estende para a escola, onde professores suportam violência verbal e física, agressividade, má-educação, hostilidade por parte de alguns alunos -  não todos, possivelmentenem a maioria. Se pudéssemos pesquisar a vida familiar dessa meninada, com frequência iríamos constatar que ela apenas reproduz ou continua, na rua, no pátio da escola e na sala e aula, o tratamento que predomina em sua casa. Lá, talvez, os filhos não conehçam limites ou, quem sabe, o pai é do tipo que aprecia um coronelismo ultrapassado.


Observo muita gente, e não só jovens, dando de ombros ou rindo ao assistir a uma entrevista de alguns dos nosos líderes(ou escutando belas frases sobre ética): também na vida pública, o respeito tem de ser conquistado e merecido. Sendo humanos, homens, mulheres e criança, somos ainda animais predadores, querendo ocupar espaço a patadas. Se pudermos, em vez de falar, rosnamos; em lugar de curtir, cuspimos em cima. A gente precisa ser domesticado desde o dia em que nasce.   

Fonte: Revista Veja 18 de novembro de 2009


  RESPEITO. Será que hoje em dia realmente sabemos o significado dessa palavra? Ou estamos na era do "cada um por si e Deus por todos", onde tratamos as pessoas bem por conveniência e não por que seria essa a coisa certa a se fazer.  A constante e crescente exposição às influências externas torna difícil a tarefa de preservar a estabilidade das identidades das pessoas e livres dos valores e ideais do mundo globalizado e capitalista em que vivemos. Sejam através dos meios de comunicação ou pelas interações cotidianas,no mundo “pós-moderno” a imagem tem prevalecido, com o advento das novas  tecnologias que atravessa permanentemente a nossa existência.Não a toa muitos de vocês leram esse texto da Lya Luft , aqui no blogger ao invés de na Revista Veja onde foi publicado ou no livro da prórpia autora. 
Os homens foram obrigados a acompanhar as mudanças pelas quais o mundo passou nas últimas décadas e que modificaram principalmente o modo de viver das mulheres (a inserção delas no mercado de trabalho, nos espaços de poder e outros).  Mudanças em seus papéis, valores e identidades construídos ao longo de séculos, que podem estar determinando uma crise identitária e promovendo uma transição nem sempre tranquila. O preconceito contra as mulheres será assunto discutido sempre, pois ele se mascara, mais está presente em todos os setores , desde o mais simples trabalho a mais alta esfera pública, no mais terno dos relacionamentos até nos mais conservadores casamentos...enfim... respeito não deveria ter gênero sexual, raça, cor, idade.. o que as pessoas devem  ter em mente que  essa palavra de 3 sílabas pode fazer toda a diferença em suas vidas.

Márcia Canêdo

By JORNALISMO ANTENADO with 6 comments

6 comentários:

Acredita que lembro da frase que ela comentou? "...é uma excelente escritora, pois embora sendo mulher, escreve com mão de homem".

Pois é, ela fez uma referencia importantíssima neste texto sobre comportamento dos pais em casa para dar bom exemplo aos filhos. Tudo começa dentro da gente, dentro da nossa casa, como exteriorizamos isso para trazer de volta palavras gentis e respeitosas. Algumas vezes é difícil, não somos perfeitos, e se estamos enfraquecidos por algum motivo deixamos com a porta aberta para um mal-entendimento.

Gosto muito de ler temas abordados pela Lya.

Bjs

Márcia,

Gostei muito da crónica e da análise que ela faz. Faz todo o sentido, facto que não me deixa nada animada. É de uma realidade confrangedora quando lemos que "(...) em que quase todos os terítórios da atividade humana, menos cozinhar e parir, mulheres são novidade".

Sabes, estou a fazer uma pesquisa sobre o comportamento, anseios sociais e profissionais das mulheres (a sua luta para frequentarem as Universidades), desde a segunda metade XIX e inícios do séc. XX. Vejo com alguma tristeza que ainda há tantas, mas tantas coisas para mudar, no comportamento e mentalidades!

Beijos
Luísa

Quem exige ser respeitado corre um grande risco de quebrar a cara.

Foi o que aconteceu com o juiz Antonio Marreiros (RJ), que exigiu ser chamado de "doutor" pelos funcionários do condomínio de seu prédio e perdeu a questão na própria Justiça.

Ainda melhor que gostar de ser respeitado é se dar ao respeito.

Sobre a Lia, tudo o que sai da mão dela vale a pena ser lido e refletido.

MÁRCIA CANÊDO:

Boa tarde amiga .. !!

Vi este seu post no diHITT e resolvi vir até aqui, no seu BLOG, para le-lo e acompanha-lo melhor e mais profundamente.
Sou Jornalista há desde que voce nasceu .... risos ... mais ou menos 33 anos ...
Sempre é bom termos BLOGS abordando Jornalismo, eu tenho o hábito de "separar as estações", agora entrei nessa onda de blogueiro.
Mas não gosto de misturar as minhas estações, resolvi criar um Blog de entretenimento, com foco voltado ao humor, mas na realidade faço um Rodizio de assuntos, temas, fatos, meclando humor com sátira, curiosidades, noticias em tempo real, cronicas, opiniões, críticas, comentários, coisa séria para ser mais exato.
As piadas rolam, faço piada com tudo, mas continuando naquilo que acima eu escrevia sobre não misturar as estações, explicando melhor, seria mais ou menos o seguinte.
Jornalista, jornalista, cumpro a minha função de jornalista sempre que necessário.
Publicitário, publicitário, já passei o bastão para os meus 2 filhos mais velhos ( mais ou menos na sua faixa etária ), eles cuidam da Agencia e dos assuntos envolvendo Propaganda.
Mas é o "paizão" aqui que fica de olho no boi, por que longe do dono ele não engorda ... risos ....
E o RADIALISMO, a grande paixão de minha vida, onde tudo começou, também o separo, faço meus trabalhos, tenho minhas locuções, dublagens, participação em emissoras de rádio, minha produtora, etc .... resumindo, tenho a minha voz rodando por aí ... risos ...
E por falar nisso hoje faleceu HERBERT RITCHERS, será cremado amanhã, perda lamentavel.
Bem, deixemos de "lero-lero" e blá blá blá e vamos ao POST.
Eu o li na VEJA, sou assinante da mesma há 34 anos, e os artigos da LYA LUFT trazem sempre algo de bom para todos nós, a conheço pessoalmente, é uma pessoa realmente iluminada, brilhante.

Otimo POST para um Excelente BLOG, eu ainda estou começando com o meu, apanhando, aprendendo, não sei fazer Banner, Lay Out, etc ...não sei fazer quase nada, estou apanhando muito, mas chego lá, ou melhor, chego até este ponto que voce chegou, tenho fé.

Grande abraço, já a estou seguindo também, virei sempre que puder, e comentarei também, com certeza, pois como sempre afirmo:

- Blog foi feito para ser comentado pelos leitores.

Fique na PAZ

do amigo,

LUIZ GNZ

Bem o respeito é primeira e talvez a ultima etapa para igualar as pessoas mesmo elas sendo diferentes, então acabar com o preconceito.

SOU CHEF DE UM RESTAURANTE, LUGAR ONDE A MUITO TEMPO ,AS MULHERES GANHARAM ESPAÇO E RESPEITO.
PORÉM A ALGO QUE ME PERTURBA,A FORMA COMO ALGUMAS DELAS ,CONVIVEM COM A IGUALDADE ,TANTO DESEJADA.
VC MESMO CITA O MAIS "CLÁSSICO" DOS EXEMPLOS... A AUTO EXPOPSIÇÃO, QUASE SEM "ESCRÚPULOS" DO CORPO.
NÃO ,QUE NÃO DEVESSEM EXISTIR, MODELOS, MAS PENSO QUE TALVEZ ELAS ESTEJAM ULTRAPASSANDO O LIMITE DO BOM SENSO.
VALE LEMBRAR QUE ULTRAPASSAR LIMITES MORAIS, FOI INCUBENCIA, DOS HOMENS, QUE POR QUERER MOSTRAR SUA SUPERIORIDADE E MASCULINIDADE, DURANTE MUITO TEMPO FIZERAM LOUCURAS.
ACHO SIM QUE A MULHER TEM TODO DIREITO ,DE PROCURAR EVOLUIR, COMO PARTE PRODUTIVA DE UMA SOCIEDADE JUSTA E IGUAL, MAS CONFESSO, QUE JÁ COMEÇO A SENTIR ,EM ALGUMAS DELAS UM CERTO AR DE ARROGANCIA, DEIXANDO DE LADO AQUILO QUE MAIS DE LINDO ELAS TEM...O AMOR ,O CARINHO, A COMPREENSÃO, O AFETO, A SENSUALIDADE E O DESEJO.
NÃO SOU MACHISTA E, ABOMINO O MACHISMO, MAS FICO TRISTE QUANDO VEJO QUE ALGUMAS MULHERES ESQUECEM DE QUEM REALMENTE SÃO, PARA TORNAR-SE QUASE QUE CLONES MASCULINOS.
MAS TALVEZ O MAIOR CULPADO, DE ISTO ESTAR ACONTECENDO, SEJA O HOMEM, QUE DURANTE MUITO TEMPO, TRATOU SUA FIÉL COMPANHEIRA COMO SERVIÇAL, NEGANDO A ELA, O DIREITO DO CONHECIMENTO, DA EDUCAÇÃO E O PIOR ,DE OPINIÃO.
PARABÉNS AS MULHERES, QUE REALMENTE SABEM APROVEITAR A IGUALDADE DE DIREITOS, E AS NOVAS CONQUISTAS SOCIAIS ,PESSOAIS E PROFISSIONAIS.... E PÁRABÉNS AOS HOMENS QUE DESDE A MUITO TEMPO, TRATAM AS MULHERES COM O RESPEITO QUE ELAS REALMENTE MERECEM.
FELICIDADES,PAZ E SUCESSO!

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