Slideshow

sábado, 13 de março de 2010

Próprios e impróprios

Nossa, achei que não conseguisse chegar a postar a tempo. Explico ... a cerca de meia hora o céu estava literalmente caindo em Juiz de Fora, minha terrinha natal. São as famosas águas de março fechando o verão tão belamente cantadas pela Elis Regina. Pois bem, a crônica de hoje não é de nenhum cronista conhecido, porém é sobre um tema que acredito todos já conversaram nas rodinhas de amigos e claro muitos vivem na pele esta situação. Estou falando da fatídica criatividade que alguns pais e mães insistem em ter ao pensar no nome do futuro bebê. Chega então de enrrolação e vamos e à crônica deste sábado. 
Próprios e impróprios - Ivan Ângelo

Mas por que será que tantas pessoas recusam os nomes próprios tradicionais na hora de registrar os filhos? Estão nesse rol duas categorias de pessoas: as ingênuas e as bregas. Buscam – e acham! – nomes complicados, muitas vezes estranhos; inventam, misturam, importam, adaptam. Por que não um simples João, Paulo, Pedro, Tiago, Mariana, Luísa, Camila, Luciana? Talvez acreditem que um nome comum conduzira o nomeado a um destino comum.

Na busca do diferente, têm preferência sons da América do Norte. Wesley está na moda. Brian, Nathan, Michael, Washington correm junto. Muitas vezes os pais só pegam o som, não a grafia. Como é o caso do nome do jogador de futebol Uóshito. Ou de seus semelhantes, que encontrei numa matéria de jornal recente: Uini (seria Winny), Oliude (Hollywood), Estivenson (Stevenson), Viliam (William), Hantuane (difícil reconhecer aqui o francês Antoine). Outros inventam uma pronúncia que não existe, como o brega-chique Paôla. Porque Paola, em italiano, se pronuncia Paula, simplesmente. Meu próprio nome é estrangeiro, russo, mas não da muito na vista. Encontro na reportagem nomes que não são de gente e passaram a ser: Welcome, Pensylvania, Overland. Pode uma coisa dessas?

Há pais que recorrem a misturas: Wandressa, Lusimélia, Roniwalter, Roseméri. Outros simplesmente inventam: Ervane, Reulis. Quantos nomes de gente conhecida são também estranhos? O político Pauderney, a desportista Shelda, o escritor Lêdo.

Um amigo descendente de libanês contou-me que tinha uma tia com um nome incrível: Uruqsan. Registrado. Não havia nada parecido no Líbano, de onde viera menina. Lá ela se chamava Roxane. O avô contava que repetira varias vezes o nome dela para o funcionário da imigração e este o anotara no documento. Não entendia a grafia brasileira. Imagine, leitor, o sotaque carregado do libanês ao silabar Roxane, o "r" palatal apoiando-se numa ausente vogal "u", o "x" soando "cs" como em "fixa" ou "flexão", e você estará perto de Uruqsan.

Sim, às vezes a culpa é do cartório. Aconteceu com Millôr, que era para ser Milton mas a letra ruim do escrivão empurrou o pequeno traço do "t" para cima do "o", não desenhou direito a perninha do "n", e o Milton desapareceu. Meu próprio irmão era para se chamar Jesus, como meu pai, mas um escrivão latinista ou católico demais transformou-o em Jésus. Pode ter achado falta de respeito alguém se chamar Jesus. Ora, é um nome popular no México, país de católicos fervorosos.

Quando eu era menino, falava-se de um nome absurdo, Um Dois Três de Oliveira Quatro. Dizia-se que era real, tinha saído no jornal. Saiu também José Índio do Brasil, parece que nome verdadeiro. No fim do cadastramento eleitoral os jornais costumavam vasculhar listas nos cartórios, à procura de curiosidades.

Que não faltam. Não é curioso que tantos jogadores de futebol com nomes terminados em "son" tenham ficado famosos? A começar por Édson, o maior de todos. Confiram: Edmilson, Denilson, Dinelson, Robson, Anderson, Edílson, Liédson, Kléberson...

Curioso também como alguns nomes tradicionais caíram em desuso, considerados "antigos", "feios", "de pobre", "nada a ver": Sebastião, Eustáquio, Joaquim, Benedito, Eurico, Ifigênia, Dirce, Orlando, Vanda, Ildeu, Amélia, Vicente, Lourdes, Raimunda, Aurora, Arlindo. E outros, "modernos", entraram em alta, como Jéssica, Andressa, Pâmela, Gisele, Natalie, Michel, Michelle. Não se explica. Modas...

Pensava que era um castigo carregar um nome esquisito a vida inteira. Gozação na escola, apelidos para amenizar, burocracia dificultando a mudança. Nada disso. O jornal diz que a maioria adora a diferença.

Fonte: Arquivo pessoal recebido em e-mail

Entenderam agora meus amigos o drama vivido por tantos inocentes que não tiveram a chance de poder escolher o próprio nome ?! Se não bastasse esse excesso de criatividade de tantos pais, ainda existe um outro problema, este por sinal vivido por essa que vos escreve. Falo aqui da péssima mania que foi moda a muitos anos atrás de  dar nomes compostos aos filhos. Todos em conhecem por Márcia Canêdo, porém os mais íntimos sabem que na realidade é Márcia Patricia Canêdo. Agora convenhamos, primeiramente porque alguém em sã consciência, deixa uma adolescente de 15 anos escolher o nome para a irmã?! Segundo, porque ninguém falou com essa mesma irmã que Márcia é um nome que não exige, nem combina com complemento?! Em 34 anos não recebi uma resposta que em convencesse. Quero deixar claro que nada tenho contra o nome Patricia, porém tal como o Márcia ele não combina com nenhum outro. Enfim, se mudar de nome é uma burocracia danada( aliás como tudo em nosso país..) continuo com meu nome composto, porém abreviado sempre que possível.

Voltando a criatividade excessiva ...  aqui onde moro duas familias que conheço a história apenas de nome, onde seus filhos receberão nomes bem incomuns. Na primeira, são irmãs que se chamam Itália e Roma  e na outra Sol, Lua e Estrela. Acho isso o cúmulo da covardia , porque quem é obrigado a conviver com o nome depois não é quem por quaisquer motivos esdrúxulos gostava do nome. Portanto a reflexão da crônica do Ivan é justamente que as pessoas tenhm um pouco mais de parcimônia quando escolher o nome para o filho. Essa história de inventar nomes, homenagiar parentes já falecidos não é legal, pensem que seus filhos irão para a escola e que crianças podem ser cruéis quando querem . Ou mais, nunca se esqueçam que vocês podem achar interessante um nome diferente, inusitado, mas apesar do que as pesquisas revelam isso não significa que sua filha ou filho também irão gostar . Fica a dica então!

Márcia Canêdo

By JORNALISMO ANTENADO with 17 comments

17 comentários:

Olá!

De fato, existem muitos nomes de pessoas por aí que não podemos nem entender como é que a pessoa aceita ter uma nome tão esquisito. Mas, em toda parte do Brasil encontramos nomes exóticos.

Abraços

Francisco Castro

Sempre pensei nisso sabia? Ainda bem que tenho nome comum, e nada inventado. Pena daqueles que não podem escolher o próprio nome...ou não tem pais que pensam melhor antes de escolher uma aberração.
Beijos, parabéns pelo artigo!

Voce viu os nomes no meu post "Abalo no Ceará" ?!?! um deles se chamava Epicentro! kkkkkkkkkk

Eu deixei recado para voce que a futura sobrinha de meu amado vai se chamar "Brisa"! A outra é Pina. Sempre que ele me diz isso, eu pergunto se eles tem certeza porque não consigo acreditar! Pobres crianças, vítimas da ignorância de seus pais.

Opsss.... então voce assoprou com toda a sua força, tipo Lobo dos 3 porquinhos e mandou a chuva para cá, não é mesmo?!

Márcia,

Muito interessante a sua postagem, e também muito original, por se tratar de nomes... rsss

Você sabe que eu ainda tenho em meus guardados (só preciso achar onde está), uma lista com muitos nomes diferentes, inclusive o Um Dois de Oliveira Quatro...

Eu também não tenho nada contra o nome Patrícia, mas prefiro somente Márcia, haja vista que o nome da atual mulher do meu ex-marido é Patrícia, e eu não gosto nenhum pouquinho dela... kkkkkkkkkkkkk

Muito bom!

Bjs.

Rosana.

Pedro Bandeira escreveu uma poesia nome da gente
final(blog cantinho da leitura)

Foi meu pai quem decidiu

que o meu nome fosse aquele.

Isso só seria justo

se eu escolhesse o nome dele!

Quando eu tiver um filho

não vou por nome nenhum!

Quando ele for grande

ele que procure um!
trabalhei com os alunos esta questão..tem aluno que tem cada nome que até é dificil de pronunciar, valeu o post a paz

Márcia,

dar nomes realmente é muito complicado.

Uma das coisas que me preocupo é justamente diferenciar, para não ter homônimos, principalmente num país em que homônimos, às vezes, trazem grandes problemas.
E é verdade, até para dar nomes queremos nos atualizar.

Já reparou que muitos políticos famosos também tem nomes, de certa fora, excêntricos?

O meu, por exemplo, dizem que toda "japonesa" (?) se chama Helena.

Muito bacana e interessante sua postagem!

Parabéns, amiga!

bjos

Márcia Patrícia Canêdo,
De início, acho lindo seu nome.
Acho tão salutar e bonito as passagens bíblicas em que os nomes eram escolhidos pelo momento e circunstâncias em que nasceram os bebês, que poderia voltar a ser usado esta prática.
Quando fomos escolher os nomes dos nossos filhos, compramos um livro em que havia os significados dos nomes, não segui à risca o significado, mas ao menos evitei os que não significavam coisas boas. Gostei do resultado.

Um forte abraço!

Olá querida Márcia Patrícia (não resisti, rsrsrs),

Parabéns ao Ivan pela belíssima reflexão sobre os nomes esquisitos, e a você por dar espaço a ele. Sem dúvida foi muito engraçado o texto; porém, há um lado triste: mostra quantos "sem noção" existem por aí.

Apesar de não ser tão esquisito, acho estranho o nome Último, conheço uma pessoa assim. Não tenho certeza, mas parece que ele tem um irmão chamado Segundo, kkkkkkkkkkkkk. Só não ouvi falar do Primeiro, mas deve ter também.

Adoro meu nome, o único problema é que a maioria das pessoas escrevem meu nome com Y, mas é com I.

Beijos.

Márcia,

Estou morta de tanto rir!
Realmente isso acontece por aqui também, mas com mais moderação visto a adaptação do nome estrangeiro nem sempre ser possível. Isto é, não poderás registar uma criança com o nome Richard, terá que ser Ricardo mesmo! rsrsr

Houve uma altura em que as Tatianas, Tânias, Maras, abundavam. Parece que agora está na moda o tradicional outra vez, Joana, Inês, Pedro, Maria, Sara e por aí. É muito comum usarem-se nomes bíblicos.

Mas eu penso que é a busca pela diferença que leva as pessoas a fazerem certas escolhas, pois o seu menino(a) tem que ser único! :)
(Como se não o fosse com um nome comum... rsrsrs)
Eu lembro-me que levei meses (8 ou 9)a escolher o nome dos meus filhos, que afinal são João Pedro, Joana Sofia e Sara Rute... nada mais tradicional! rsrsrsr

Excelente e divertida a crónica!

Beijocas
Luísa

Muito interessante, realmente os pais dão os nomes como se as crianças não ficassem adultas. Tem cada nome que devia existir uma lei que a pessoa pudesse ir ao cartório e mudar.

Olá querida Márcia,

Gostei muito do texto, acho ridículo ficar colocando nomes estadunienses nos filhos, quase todos os pobres hoje em dia estão fazendo isto e acham que é bonito.

Grande Abraço;
Lauro Daniel

Ola Márcia

Sua postagem de fato vem de encontro ao nosso cotidiano.
Com tão pouco esforço nos deparamos com nomes exóticos, incomuns, abstratos e as vezes bizarros.
Mas o que dizer sobre tais escolhas, seriam simples homenagens, ingenuidade ou "vingança".
Conhecemos histórias que as vezes levam seus portadores a trocarem na justiça os nomes escolhidos por seus pais.
Na verdade alguns a fim de homenagearem alguma celebridade ou mesmo um mebro da família, acabam por cometer erros gravíssimos que com certeza irão trazer sérios transtornos futuros.
Podemos sim inovar na escolha dos nomes de nossos filhos, mas com cautela e prudência.
Adorei seu artigo
Parabens
Um forte abraço
Mad.


(confira meu último post)

Olá Márcia querida!
Realmente os pais tem muita criatividade (ou seria falta dela? sei lá? rsrs).
Mas pobre da criança que tem que conviver com nomes estranhos.
Minha esposa conheceu um Valdisnei, cujo nome era para ser uma homenagem ao Walt Disney. Ao saber você não sabe se chora ou se ri. :-) rsrs
Quanto ao teu nome todo acho muito bonito.
Creio que todos nós temos um pouco de complexo com nosso nome, principalmente na infância. Mas no final ele vira nossa identidade (no melhor dos sentidos) e ai de quem fale mal dele. :-) rsrs
Adorei o post!
Forte abraço,
Fernandez.

Tenho um primo que colocou o nome da filha dele de Juliamel, uma junção do nome dele, Julio, com a personagem de uma novela mel.

Coitada da menina.

Até mais.

Interessante o poste Márcia!

A criança nasce e recebe um nome
escolhido por outras pessoas, e esse tal nome ela carrega todo o tempo de vida aqui na terra."é complicado se quando crescer ela não gostar do nome".

Seria bom a interferência do escrivão para evitar nomes errados...

seria bom a atenção do escrivão quantos aos significados, se possível conceder até um treinamento para os pais das crianças.

muito legal...

beijos.

Lindinha amiga Márcia,

Lendo o texto até o final percebi um "certo" protesto pela escolha do seu nome. rs.
O bom mesmo seria se nós pais pudéssemos perguntar ao bebê que nome ele gostaria que lhe fosse dado, respondendo com uma cabecinha de 21 (maior de idade), para não dar no mesmo: Que nome bebê quer ganhar? E aí ele se escangalha de rir primeiro e, entre gargalhadas e fala responde: Pepéco! Você sabe o que é Pepéco? Nem eu.
Se resolvesse voltar a estudar cursaria Psicologia. E pode estar certa de que esta escolha dos nomes dos filhos pelos pais dá uma senhora tese de doutorado. Que dirá mestrado ou uma simples monografia para colação de grau? Dá até um bom livro se bem escrito, fundamentado e pesquisado.
Miga Patrícia, melhor dizendo, miga Marcinha. Nestes meus 51 anos já conheci e tive amigos com nomes bastante esquisitos. Alguns me chocaram no momento da chamada (pelo professor) na sala de aula ou mesmo no trabalho, quando conheci a Happy. Era assim que ela assinava suas laudas de notícias no jornal onde trabalhávamos. Imagine, ela era repórter policial. Happy daqui, Happy dali, até que um dia chegou uma correspondência para ela e o Chefe de Reportagem gritou seu nome, melhor, perguntou quem era "Feliz Orquídea" mais o sobrenome. A reação foi instantânea: Feliz Orquídea é a... Estava ao seu lado e, ao esboçar uma rizada, ganhei logo um fora daqueles e fui também xingado. Nunca mais ouvi ninguém chamá-la pelo nome. Ela odiava o pai pela infeliz escolha.
Outro nome engraçado e pavoroso (não pelo nome, mas pelo dono) foi o de um colega na Escola Técnica. Chamada correndo e o professor chama: Orozimbo! Orozimbo fulano de tal. E o sujeito mudo. Na terceira vez, alguns colegas começando a rir, o Orozimbo se levanta e diz: "Presente, professor!" Se me chamarem de Orozimbo vou enfiar a... em todos vocês. O cara era um armário 6 portas e duplex, de sorte que todos procuraram ser amigo dele e depois até chamavam-no pelo nome. Não dava para criar um apelido: Orô; Zimbo; Zimbão... rs.
Minha mãezinha se chamava Vladimira.Minha avó, uma declarada comunista - era como se auto-denominava - colocou os nomes dos filhos a partir de um livro comunista, cujo nome nunca fiquei sabendo, e tinha alguma coisa sobre Minas Gerais, sua terra, viu Marcinha?
Meus tios se chamavam: Lenine, Licínio, Marat, Liberta, Perpétua, e Vladimira, minha mãe. Tem mais gente, mas não lembro os nomes. Meu avô, um português chamado José, era calmo e pacífico, acredito ter sido o que escolheu os outros nomes mais "lúcidos": José (meu tio mais velho); Alberto e Maria.
Para sua tranquilidade, você não leva jeito para Patricinha. Mas se fôssemos vizinhos. Na hora da festa chamá-la-ia Marcinha. Mas quando a visse um pouco chateada, na certa diria: que foi Patrícia Cañedo? E ainda apertaria o nariz para dizer o Cañedo. Só para ver você fazer cara feia ou me jogar um sapato. Liga não tá? Faço isso com a minhas filhas: Fala Nári!
- Que Nári, pai? Cê bebeu?
Claro que não minha filha. Fala Nariguda! huahuahuahuahua

Márcia é um lindo nome. Mas não tenho nada contra a Patrícia. Não vejo os dois juntos como aberração ou exagero. Até porque a dona é simpática aos dois.

Abraço do amigo,

Antonio

Querida amiga Marcia
Achei muito interessante o seu texto!
O seu nome é lindo e normal,aqui em Portugal Patricia é comum.
Tenha uma amiga que se chama Felicidade:na escola ela sofreu muito,familiarmente se chama Dady.
Outro amigo sua mãe o baptizou assim.João Adorado de Jesus,na escola não teve problema ,salvou-se ,era chamado pelo primeiro nome,João.
Em familia a mãe exigia que o chamassem de Adorado,veja só...filho unico,mas não tinha que ser tratado assim...é risadas gerais quando falamos dele...kkkkkkk
O meu nome é Joana Teresa,Joana por parte da minha avó materna e Teresa por parte da avó paterna.
beijnhos

joana

Postar um comentário

Se você gostou dessa matéria comente e indique para seus amigos.Obrigada e você é sempre bem vindo!

    • Popular
    • Categorias
    • Arquivos