O
Ser Humano e o Livre Arbítrio
“Onde
está o Espírito do Senhor, aí há Liberdade.” Paulo-II Co,3:17
Chegamos a mais um
final de ano e com ele começam as resoluções que todos se pré dispõe para o
próximo ano. Alguns resolvem iniciar um curso de línguas, fazer uma pós-graduação,
arrumar um emprego melhor, sair do aluguel, emagrecer, arranjar um namorado,
engravidar, casar, enfim, para cada um essa lista de desejos tem como
finalidade uma melhora em sua vida atual. A realização desses desejos passa
pelo principal dom dado por Deus a seus filhos: a liberdade de escolha ou o que
chamamos de livre arbítrio.
Utilizar este dom é que é o Xis
da questão. Newton dizia que “a toda ação existe uma reação” e para cada
escolha que fazemos diariamente em nossas vidas uma consequência será inevitavelmente
equivalente. O homem não é fatalmente conduzido ao mal; os atos que pratica não
“estavam escritos”; os crimes que comete não são o resultado de um decreto do
destino. Ele pode sim, como prova e expiação, escolher uma existência em que se
sentirá arrastado para o crime, seja pelo meio em que estiver situado, seja
pelas circunstâncias supervenientes. Mas será sempre livre de agir como quiser.
E a mesma coisa acontece em todos os campos de nossa vida.
Um dos pontos mais marcantes da
mensagem cristã que o Espiritismo revive é a aplicação da Lei de Liberdade. O
conhecimento desta lei nos dá uma maior compreensão da grandiosidade de Deus e
de sua Justiça. Uma realidade que o estudo sobre o Livre Arbítrio nos mostra é
que ele nunca vem sozinho. Apesar de nos permitir agir como melhor quisermos
sempre se fará acompanhar a responsabilidade, que é a resposta das Leis divinas
e naturais à nossa ação, de tal modo que ela atenda aos nossos interesses de
progresso e melhoria espirituais, construindo assim a paz junto à nossa
consciência. Também devemos lembrar que a liberdade cresce no homem à medida
que cresce o seu conhecimento dessas leis, como cresce também, na mesma
proporção, a sua responsabilidade.
Conforme o ensino da Doutrina no Livro
dos Espíritos questão 120: “Todos os espíritos foram criados simples e
ignorantes, dotados de Livre Arbítrio, para vivenciarem o bem ou o mal”. A
liberdade de escolha é a expressão da vontade do Espírito no discernimento de
seus pensamentos e ações, ou seja, nenhum ser é levado à prática do mal por
fatalidade, ou por determinismo da lei natural. Os Espíritos Reveladores nos
ensinam que o que chamamos de fatalidade, corresponde à escolha pelo espírito
de determinadas provas que deve sofrer no plano físico como forma de resgate ou
aperfeiçoamento. Assim, o livre-arbítrio existe, no estado de Espírito, com a
escolha da existência e das provas; e, no estado corpóreo, com a faculdade de
ceder ou resistir aos arrastamentos a que voluntariamente estamos submetidos.
Cabe à educação recebida por cada um de
nós, o combate às más tendências, e ela o fará de maneira eficiente quando se
basear no estudo aprofundado da natureza moral do homem. Pelo conhecimento das
leis que regem a natureza moral, poderemos a modificá-la, como se modificam,
por exemplo, a inteligência pela instrução e as condições físicas pela higiene.
As faltas cometidas têm, portanto, sua origem
nas imperfeições do nosso próprio Espírito, que ainda não atingiu a
superioridade moral a que se destina, mas nem por isso lhe é dado menor poder
de escolha. Segundo a doutrina espírita, não existem arrastamentos
irresistíveis: o homem pode sempre fechar os ouvidos à voz oculta que o
solicita para o mal no seu íntimo, como
os pode fechar à voz material de alguém que lhe fale; ele o pode pela sua
vontade, pedindo a Deus a força necessária e reclamando para esse fim a
assistência dos bons Espíritos.
Portanto, apesar do que viemos
estudando nas últimas semanas acerca das influências exercidas pelos espíritos
desencarnados em nossas vidas, devemos lembrar também que a doutrina espírita
admite para o homem o uso do livre-arbítrio em toda a sua plenitude. Se, ao lhe dizer que, se pratica o mal, cede
a uma sugestão má que lhe vem de fora, deixa-lhe toda a responsabilidade, pois
lhe reconhece o poder de resistir, coisa evidentemente mais fácil do que se
tivesse de lutar contra a sua própria natureza. “Tudo me é
lícito, mas nem tudo me convém.” Paulo (I Cor.,
6:12). É isso que Jesus ensina na sublime Oração do Pai Nosso, quando
nos manda dizer: “Não nos deixeis cair em tentação, mas livrai-nos do mal”. Ao semear o que o nosso arbítrio escolheu, precisamos estar conscientes de que determinamos, simultaneamente, qual será a colheita. Logo, o determinismo compulsório
de hoje é consequência da livre escolha de ontem, da mesma forma que as nossas
opções atuais estarão desenhando, o nosso destino amanhã. Por conseguinte então, tudo nos é permitido, mas, antes
da ação equivocada, façamos um segundo de pausa para pensar nos prós e contras,
pesando bem, na balança do discernimento, a carga que pesará em nossos ombros
em toneladas de angústia e remorsos por séculos infindáveis e tenebrosos.
Por falta de entendimento do livre
arbítrio e de suas consequências, a maior parte das grandes religiões do
passado e do presente, incidem em erros graves referentes à responsabilidade
individual de cada criatura humana Somente com o Espiritismo, foi possível o
entendimento racional da Justiça Divina, que leva em consideração o pensamento
de cada ser, sua liberdade de agir, as circunstancias em que se encontram os
embaraços que se opõem à liberdade e a responsabilidade final do Espírito. Se o
indivíduo procura cercear conscientemente suas faculdades de discernimento,
através de uso de drogas ou álcool, sua responsabilidade duplica, já que
procurou anestesiar de propósito o uso de sua razão. Enfim quanto maior for sua
capacidade de discernimento entre o que é correto ou não fazer, quanto mais
desenvolvida a inteligência, maior será também a responsabilidade individual
pelos seus atos. Da mesma forma uma criança que em sua inocência não é
responsável pelo mal que pratica já que não tem a devida noção de sua ação.
Construímos, pois nosso futuro é todos os dias.
Através de pensamentos e ações, o espírito e seu grupo cultural escolhem e
determinam seus caminhos. Tendo essa certeza em nossas vidas devemos portando
sempre lembrar o ensinamento “Orai e Vigiai”. Orar pedindo ao mestre Jesus a
força necessária para a prática do Bem e dos bons pensamentos, segurança nas
decisões tomadas e Vigiar nossas ações e reações a tudo que acontece ao nosso
redor. A evolução é o fundamento da vida
e ocorre pela aquisição de conhecimentos em sentido amplo: técnico, afetivo,
emocional, moral, filosófico, científico, religioso. O espírito adquirirá os
novos conhecimentos através das experiências, vivências e convivências
acumuladas ao longo de sucessivas situações pelas quais passa, tanto no
polissistema espiritual como no material.
Ao somar conhecimentos novos, o ser modifica a visão que tem de si mesmo, dos outros, do mundo e de Deus, ou seja, amplia a sua consciência, evolui. O conhecimento e o comportamento resultantes das situações enfrentadas delimitam um caminho próprio para cada ser inteligente. De acordo com as suas escolhas, ele tem experiências diferentes e, em consequência, conhecimentos diferentes, que desenham uma sequência própria que lhe confere individualidade. Na construção do perfil que caracteriza como único cada espírito (inteligência, afeto, sentimento, valor, consciência) a liberdade de escolha, o exercício do livre-arbítrio, é o que permite ao ser inteligente alcançar os objetivos da vida.
Entretanto, como as experiências vividas são limitadas, o que o espírito
sabe também é limitado. As dificuldades apresentadas na superação de algumas
situações indicam as limitações do espírito.
A solução, o conhecimento capaz de
resolver a dificuldade, no entanto, não se encontra pronta; deve ser
construída, adaptada às características únicas da situação e das pessoas
envolvidas. A construção da resposta se faz da própria experiência do espírito
ou da experiência acumulada pelo outro, encarnado ou desencarnado, que será
adaptada ao edifício de conhecimentos do espírito, de acordo com a sua
capacidade de raciocínio, seus sentimentos, seus valores e seu entendimento. É
a liberdade de escolha que determina quais segmentos de conhecimento, tanto em
qualidade como em quantidade, serão assimilados e como serão acomodados e
equilibrados em relação aos conhecimentos que já constituem o ser, de forma
coerente, para sustentar comportamentos.
Quanto mais adiantados estamos no entendimento da Doutrina Espírita,
tanto em conhecimento como em moralidade maior a responsabilidade no uso de
nossa liberdade de escolha, nosso Livre Arbítrio. Portanto os homens mais
esclarecidos nas sociedades modernas, também são mais responsáveis que os
ignorantes na prática de suas ações. Segundo Juvanir Borges “As dificuldades
para a aceitação e o cumprimento desses deveres variam de conformidade com a
consciência, a vontade de cada Espírito e a capacidade que cada um apresenta
dentro das diversas categorias em que podem ser classificados: maus, ignorantes,
convertidos ao Bem, arrependidos, redimidos, bons, superiores.”
O escritor ainda ressalta que somente com a “conquista da liberdade,
dentro dos limites da responsabilidade dela resultante foi possível o
reconhecimento dos direitos das minorias e a expansão de ideias novas
contrárias a outras aceitas pela maioria, a retificação de erros seculares
e reorganização de leis humanas
injustas.” A doutrina nos traz esclarecimentos decisivos sobre o verdadeiro
sentido desse dom que Deus nos presenteou, patrimônio da humanidade deixado
pelo consolador. Pensemos, pois melhor antes de tomar decisões de cabeça cheia
ou de depositar expectativas demais nas coisas. O ser humano sempre achará mais
fácil entrar pela porta maior que buscar a estreita onde está os verdadeiros
ensinamentos de Jesus então se queres um desejo para 2013, peça força e ajuda
para tomar decisões mais acertadas utilizando assim de forma coerente e
responsável seu Livre Arbítrio.
Fonte:Texto extraído de trechos do livro dos Espíritos, livro As Leis Morais, artigos do Jornal O Espírita Mineiro e artigo de Juvanir Borges de Souza na Revista Reformador e observações minhas a respeito do assunto.
Márcia Canêdo
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