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segunda-feira, 25 de fevereiro de 2013

Mais do que Blá blá blá


Já me perguntei algumas vezes se não valeria a pena cancelar algumas assinaturas do meu leitor de feeds (RSS), pois jamais consigo vencer a tarefa de acompanhar todas as atualizações dos blogs e sites que acompanho. Via de regra, chego à mesma conclusão. Não tenho que ler todos.   Não preciso ter visto cada fotografia do clube de fotógrafos amadores. Mal preciso saber de cada infográfico recentemente postado.
E entre pensamentos como este, cheguei a uma imagem que pode definir muito bem o que é a gana por leituras infindáveis.
Abaixo está um resumo de muito do que se encontra quando se lê apenas o que chega até nós, sem uma curadoria qualificada.

Blah Blah Blah Book, por Gogelmogel
A imagem das páginas desse livro exemplificam o consumo de textos e imagens apenas pela inércia. Pelo hábito de ler tudo, chegamos a um estágio de obesidade de dados que consome nosso tempo e ocupa um espaço precioso de nossa atenção. 
Costumo ouvir atentamente os depoimentos espontâneos de alguns amigos sobre seus relacionamentos com as redes sociais. Conferem a timeline a cada 3 minutos. Checam o celular para ter certeza de que não perdeu nada. Zapeiam entre as fotos compartilhadas e vídeos mais vistos. Tudo isso pode fazer parte de uma tarefa infindável e que, horas e horas depois, tende a render apenas algumas boas risadas, mas pouco subsídio para o crescimento intelectual e cultural. 
É possível considerar o fortalecimento das amizades e dos relacionamentos através das trocas de comentários entre álbuns fotográficos e postagens, mas a grande maioria dos relacionamentos precisa do paralelo material, físico para que haja o estreitamento dos laços e para que esta conquista perdure por meses e anos além.
Mas a força das redes sociais é também uma de suas características mais sensíveis. O compartilhamento impulsivo de dados e o acompanhamento frequente podem converter a rede de pessoas em sua grande antecessora rede de dados. Quando navegamos por atualizações e não por conversas entre nossos contatos e amigos, estamos apenas deslizando sobre formas variadas de apelos. 
Humor, sátira, brincadeiras, times de futebol, pratos de comida em um restaurante elegante, alguns felinos fofos e bonitos. Tudo é motivo para compartilhar. 
Mas se isso parece apenas uma questão particular, ou algo que no âmbito profissional devesse preocupar apenas gestores ou profissionais de recursos humanos, avalie o cenário do ponto de vista da comunicação empresarial, por exemplo.
Como despertar interesse em diversos públicos sem cair, por um lado, na comunicação esvaziada, ou blá blá blá, e por outro lado, sem apelar para estereótipos e preconceitos restritivos?
Se a palavra preconceito lhe causou algum espanto, confira o artigo da próxima quinzena e aproveite para expressar sua opinião, muito importante em espaços como este. Mas voltando ao grande ponto, o desafio para a comunicação empresarial está cada dia mais evidente devido à agilidade das emissões, da potencialidade de abrangência e da integração de públicos e mercados. 
Entre as maiores críticas às redes sociais encontramos um certo ranço contra a falta de seriedade, mas convenhamos, quando estamos entre nossas pessoas mais queridas, a última coisa que somos é formais. Isso significa que o humor é parte importante de nossas vidas. Para ser mais preciso, o incômodo com as redes sociais não é pelo humor em si, mas pela carência de ação, pela afasia. 
Ter conhecimento dos problemas sociais, dos conflitos e mobilizações não quer dizer que você já faz parte de sua solução. Já é muito comum encontrar imagens e piadas nas redes sociais que indiquem algo como “precisamos de 1 milhão de likes a empresa X doará milhões para a causa Z”.  Mas se temos informações sobre coisas que gostaríamos de mudar, basta um clique? Pior, basta estarmos informados que isso tudo muda?
Vale pensar muito sobre isso e, por fim, agir. Ir além do clique, das leituras de blogs e dos tuítes. Isso não significa que compartilhar as informações não tenha seu valor, mas sim um resgate de que a comunicação é, em si, uma ação, mas jamais está isolada em seu ato.


Texto: Mauricio Felício - Sócio-Presidente da Felício Comunicação, atua em consultoria, gestão etreinamento em comunicação empresarial e Digital Business Intelligence. Formado em Relações Públicas pela USP, atualmente é professor conferencista da ECA-USP e cursa MBA em Gestão de Comunicação e Marketing (USP/Florida University).

Fonte: http://www.aberje.com.br


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