Já me perguntei algumas vezes se não valeria a pena cancelar algumas assinaturas do meu leitor de feeds (RSS), pois jamais consigo vencer a tarefa de acompanhar todas as atualizações dos blogs e sites que acompanho. Via de regra, chego à mesma conclusão. Não tenho que ler todos. Não preciso ter visto cada fotografia do clube de fotógrafos amadores. Mal preciso saber de cada infográfico recentemente postado.
E entre pensamentos como este, cheguei a uma imagem que pode definir muito bem o que é a gana por leituras infindáveis.
Abaixo está um resumo de muito do que se encontra quando se lê apenas o que chega até nós, sem uma curadoria qualificada.
A imagem das páginas desse livro exemplificam o consumo de textos e imagens apenas pela inércia. Pelo hábito de ler tudo, chegamos a um estágio de obesidade de dados que consome nosso tempo e ocupa um espaço precioso de nossa atenção.
Costumo ouvir atentamente os depoimentos espontâneos de alguns amigos sobre seus relacionamentos com as redes sociais. Conferem a timeline a cada 3 minutos. Checam o celular para ter certeza de que não perdeu nada. Zapeiam entre as fotos compartilhadas e vídeos mais vistos. Tudo isso pode fazer parte de uma tarefa infindável e que, horas e horas depois, tende a render apenas algumas boas risadas, mas pouco subsídio para o crescimento intelectual e cultural.
É possível considerar o fortalecimento das amizades e dos relacionamentos através das trocas de comentários entre álbuns fotográficos e postagens, mas a grande maioria dos relacionamentos precisa do paralelo material, físico para que haja o estreitamento dos laços e para que esta conquista perdure por meses e anos além.
Mas a força das redes sociais é também uma de suas características mais sensíveis. O compartilhamento impulsivo de dados e o acompanhamento frequente podem converter a rede de pessoas em sua grande antecessora rede de dados. Quando navegamos por atualizações e não por conversas entre nossos contatos e amigos, estamos apenas deslizando sobre formas variadas de apelos.
Humor, sátira, brincadeiras, times de futebol, pratos de comida em um restaurante elegante, alguns felinos fofos e bonitos. Tudo é motivo para compartilhar.
Mas se isso parece apenas uma questão particular, ou algo que no âmbito profissional devesse preocupar apenas gestores ou profissionais de recursos humanos, avalie o cenário do ponto de vista da comunicação empresarial, por exemplo.
Como despertar interesse em diversos públicos sem cair, por um lado, na comunicação esvaziada, ou blá blá blá, e por outro lado, sem apelar para estereótipos e preconceitos restritivos?
Se a palavra preconceito lhe causou algum espanto, confira o artigo da próxima quinzena e aproveite para expressar sua opinião, muito importante em espaços como este. Mas voltando ao grande ponto, o desafio para a comunicação empresarial está cada dia mais evidente devido à agilidade das emissões, da potencialidade de abrangência e da integração de públicos e mercados.
Entre as maiores críticas às redes sociais encontramos um certo ranço contra a falta de seriedade, mas convenhamos, quando estamos entre nossas pessoas mais queridas, a última coisa que somos é formais. Isso significa que o humor é parte importante de nossas vidas. Para ser mais preciso, o incômodo com as redes sociais não é pelo humor em si, mas pela carência de ação, pela afasia.
Ter conhecimento dos problemas sociais, dos conflitos e mobilizações não quer dizer que você já faz parte de sua solução. Já é muito comum encontrar imagens e piadas nas redes sociais que indiquem algo como “precisamos de 1 milhão de likes a empresa X doará milhões para a causa Z”. Mas se temos informações sobre coisas que gostaríamos de mudar, basta um clique? Pior, basta estarmos informados que isso tudo muda?
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Vale pensar muito sobre isso e, por fim, agir. Ir além do clique, das leituras de blogs e dos tuítes. Isso não significa que compartilhar as informações não tenha seu valor, mas sim um resgate de que a comunicação é, em si, uma ação, mas jamais está isolada em seu ato.
Texto: Mauricio Felício - Sócio-Presidente da Felício Comunicação, atua em consultoria, gestão etreinamento em comunicação empresarial e Digital Business Intelligence. Formado em Relações Públicas pela USP, atualmente é professor conferencista da ECA-USP e cursa MBA em Gestão de Comunicação e Marketing (USP/Florida University).
Fonte: http://www.aberje.com.br
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