Como prometido o Jornalismo Antenado traz hoje mais uma crônica para nossa reflexão semanal. Esta semana a indicação veio de meu amigo e colaborador aqui no blogger, o Ebrael Shaddai. O escritor escolhido dispensa muitas apresentações devido a sua projeção nacional e internacional no mundo da literatura. O carioca Paulo Coelho,já teve suas obras para 56 idiomas em mais de 150 países. O livro O alquimista, o primeiro de grande repercussão lançado em 1988, teve mais de 11 milhões de cópias vendidas em todo o mundo. Além de escritor, Paulo também foi responsável como compositor de vários sucessos de Raul Seixas, tais como, "Eu nasci há dez mil anos atrás", "Gita", etc.
O tema da semana é "Entendendo o inimigo" e foi dividido em duas pequenas histórias, a primeira tratando do inimigo externo e a segunda do inimigo interno.
O inimigo externo
O leitor Murali, um indiano, conta a história de uma garota, que resolveu subir até o alto de uma montanha para visitar sua avó. Chovia a cântaros, o vento frio soprava, e trovões pipocavam a cada segundo.
Quando já estava quase chegando ao seu destino, sentiu algo roçando seus pés. Ao olhar para baixo, viu que era uma cobra.
- Eu estou quase morrendo - disse a serpente. – Está muito frio não há comida nesta montanha, por favor, me proteja! Coloque-me debaixo do seu casaco, salve minha vida, e eu serei sua melhor amiga.
Apesar da tempestade, a menina parou e começou a refletir. Olhou a pele dourada e verde da serpente, e disse para si mesmo que jamais tinha visto algo tão belo. Pensou o quanto deixaria com inveja os seus amigos de classe, ao aparecer com uma cobra que a defenderia de tudo. Finalmente disse:
- Está bem. Eu vou salvá-la, porque todos os seres vivos merecem carinho.
A cobra ficou amiga da menina, serviu para assustar as pessoas agressivas no colégio, fez companhia nos dias solitários. Até que uma noite, quando ela estava fazendo suas lições de casa, sentiu uma dor aguda no pé direito. Ao olhar para baixo, viu que a cobra a havia mordido.
- você é venenosa! – gritou. – Vou morrer logo!
A cobra não disse nada.
- Como você fez isso comigo? Eu salvei sua vida!
- Aquele dia, quando você se abaixou para me salvar, sabia que eu era uma cobra, não sabia?
Fonte:http://www.warriorofthelight.com/port/index.html . (Guerreiros da Luz on line) - Autor: Paulo Coelho
Antes de mais nada vamos analisar a origem da palavra "inimigo", no Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda , este adjetivo significa: aquele que não é um amigo; adversário; contrário; nocivo; indivíduo que tem ódio a alguém ou a nós. Pois bem, as duas histórias apresentadas por Paulo Coelho nos mostram duas facetas: os inimigos externos e os internos.
A primeira narração mostra como nós seres humanos confiamos mias nas pessoas e/ou situções do que deveríamos. E isso acontece não porque somos ingênuos ou influenciáveis, porém quando alguém quer realmente prejudicar outra pessoa faz de tudo para não mostrar sua verdadeira face e intenção. Passamos por situações deste tipo com falsos amigos que se aproximam por conivência, colegas de trabalho que se fazem de coitados e nos atraiçoam pelas costas, familiares que nos apoiam da boca pra fora e também no setor amoroso, não raro nos vimos envolvidos com pessoas que não mostram suas verdadeiras intenções. Aqui cabe bem a máxima "criamos cobra para nos morder" e isso acontece mais do que se imagina ou do que admitimos. Este inimigo externo é nocivo, nos magoa, faz sofrer , mais é uma situação que com um pouco de perspicácia e auto estima podemos nos livrar e retornar nossa vida normalmente. Evidente que algumas situações limite deixam marcas profundas, às vezes de dificil cicatrização, mas curáveis.
Agora a segunda situação apresentada é uma tanto mais delicada e preocupante. É quando nos tornamos nossos próprios inimigos. Inimigo, portanto, tem uma conotação que pode variar quase ao infinito na nossa escala de julgamento. Quando insistimos em situações infrutíferas, desgastantes, nos deixando abater pela depressão ou estress, onde quem impera é o ego, estamos nada menos que nos fazendo mal, minando oportunidades de felicidade.
Quando o homem da narrativa diz “posso dizer sem qualquer medo que apesar de tudo que fiz, não consegui encontrar a paz que buscava. Transformei-me em meu pior inimigo”. Ele estava certo, porque apostava na paz como algo a ser obtido através de aquisições financeiras, montanhas de amigos (que nem sempre são verdadeiros), ao invés de buscá-la dentro de si e nos valores adquiridos ao longo da vida.
Diz o mestre budista Mestre Hsing Yün, " Quando somos preguiçosos, a preguiça é nossa inimiga. Se odiamos, o ódio é nosso inimigo. Quando somos egoístas, o egoísmo é nosso inimigo. Aqueles que não se esforçam no trabalho dificultam o progresso de seus patrões, que acabam fechando as portas e os demitindo. Nesse caso, não são eles próprios os seus inimigos? E quanto àqueles que se embriagam e causam problemas, ou adoecem por causa de sua vida desencaminhada? Não são eles seus próprios inimigos?"
Enfim o que tanto Paulo Coelho, como esse mestre budista nos deixa de reflexão é que devemos aprender a sermos mais amigos de nós mesmos, abrir nossos corações e mente aos bons sentimentos e ações ai sim alcançaremos essa PAZ que procuramos.
Márcia Canêdo
E, lentamente, rastejou para fora.
O inimigo interno
Nasrudin viu um homem sentado na beira de uma estrada, com ar de completa desolação.
- O que o preocupa? – quis saber.
- Meu irmão, não existe nada interessante na minha vida.
Eu tenho dinheiro suficiente para não precisar trabalhar, e estava viajando para ver se havia alguma coisa curiosa no mundo.
Entretanto, todas as pessoas que encontrei nada tem de novo para me dizer, e só conseguem aumentar meu tédio.
Eu tenho dinheiro suficiente para não precisar trabalhar, e estava viajando para ver se havia alguma coisa curiosa no mundo.
Entretanto, todas as pessoas que encontrei nada tem de novo para me dizer, e só conseguem aumentar meu tédio.
“Enfim: posso dizer sem qualquer medo que apesar de tudo que fiz, não consegui encontrar a paz que buscava. Transformei-me em meu pior inimigo”.
Na mesma hora, Nasrudin agarrou a mala do homem, e saiu correndo pela estrada. Como conhecia a região, rapidamente conseguiu distanciar-se dele, pegando atalhos pelos campos e colinas.
Quando se distanciou bastante, colocou de novo a mala no meio da estrada por onde o viajante iria passar, e escondeu-se por detrás de uma rocha. Meia hora depois o homem apareceu, sentindo-se mais miserável que nunca, por causa do ladrão que encontrara.
Assim que viu a mala, correu até ela e abriu-a, ofegante. Ao ver que seu conteúdo estava intacto, olhou para o céu cheio de alegria, e agradeceu ao Senhor pela vida.
“Certas pessoas só entendem o sabor da felicidade, quando conseguem perdê-la”, pensou Nasrudin, olhando a cena.
Fonte:http://www.warriorofthelight.com/port/index.html . (Guerreiros da Luz on line) - Autor: Paulo Coelho
Antes de mais nada vamos analisar a origem da palavra "inimigo", no Dicionário Brasileiro da Língua Portuguesa, de Aurélio Buarque de Holanda , este adjetivo significa: aquele que não é um amigo; adversário; contrário; nocivo; indivíduo que tem ódio a alguém ou a nós. Pois bem, as duas histórias apresentadas por Paulo Coelho nos mostram duas facetas: os inimigos externos e os internos.
A primeira narração mostra como nós seres humanos confiamos mias nas pessoas e/ou situções do que deveríamos. E isso acontece não porque somos ingênuos ou influenciáveis, porém quando alguém quer realmente prejudicar outra pessoa faz de tudo para não mostrar sua verdadeira face e intenção. Passamos por situações deste tipo com falsos amigos que se aproximam por conivência, colegas de trabalho que se fazem de coitados e nos atraiçoam pelas costas, familiares que nos apoiam da boca pra fora e também no setor amoroso, não raro nos vimos envolvidos com pessoas que não mostram suas verdadeiras intenções. Aqui cabe bem a máxima "criamos cobra para nos morder" e isso acontece mais do que se imagina ou do que admitimos. Este inimigo externo é nocivo, nos magoa, faz sofrer , mais é uma situação que com um pouco de perspicácia e auto estima podemos nos livrar e retornar nossa vida normalmente. Evidente que algumas situações limite deixam marcas profundas, às vezes de dificil cicatrização, mas curáveis.
Agora a segunda situação apresentada é uma tanto mais delicada e preocupante. É quando nos tornamos nossos próprios inimigos. Inimigo, portanto, tem uma conotação que pode variar quase ao infinito na nossa escala de julgamento. Quando insistimos em situações infrutíferas, desgastantes, nos deixando abater pela depressão ou estress, onde quem impera é o ego, estamos nada menos que nos fazendo mal, minando oportunidades de felicidade.
Quando o homem da narrativa diz “posso dizer sem qualquer medo que apesar de tudo que fiz, não consegui encontrar a paz que buscava. Transformei-me em meu pior inimigo”. Ele estava certo, porque apostava na paz como algo a ser obtido através de aquisições financeiras, montanhas de amigos (que nem sempre são verdadeiros), ao invés de buscá-la dentro de si e nos valores adquiridos ao longo da vida.
Diz o mestre budista Mestre Hsing Yün, " Quando somos preguiçosos, a preguiça é nossa inimiga. Se odiamos, o ódio é nosso inimigo. Quando somos egoístas, o egoísmo é nosso inimigo. Aqueles que não se esforçam no trabalho dificultam o progresso de seus patrões, que acabam fechando as portas e os demitindo. Nesse caso, não são eles próprios os seus inimigos? E quanto àqueles que se embriagam e causam problemas, ou adoecem por causa de sua vida desencaminhada? Não são eles seus próprios inimigos?"
Enfim o que tanto Paulo Coelho, como esse mestre budista nos deixa de reflexão é que devemos aprender a sermos mais amigos de nós mesmos, abrir nossos corações e mente aos bons sentimentos e ações ai sim alcançaremos essa PAZ que procuramos.
Márcia Canêdo
15 comentários:
Muito bom os textos. Nos faz refletir sobre o quanto ainda não conhecemos nem a nós mesmos e o quanto ainda precisamos confiar desconfiando. Infelizmente o mundo apresenta-se a nós desta forma.
Um abraço
João
A reflexão toda é fantástica, resume notavelmente na ultima frase quando diz que devemos ser nossos melhores amigos.
Eu vou ser sincera: eu me engano fácil, tenho dificuldade de ficar vendo a maldade quando esta é tão bem camuflada, portanto, fico decepcionada.
Sobre eu ser meu proprio inimigo, somente quando descubro que fiz a escolha errada e esta pode modificar minha trajetória.
Bjs
Tudo que se refere ao Paulo Coelho, de início já leio com preconceito. Mas um preconceito de que é bom, de que vou gostar.
Aliando os textos à sua perfeita análise, mais uma vez ficou excelente.
Seja o inimigo externo ou interno, são frutos de nós mesmos.
Assim como a cobra, nos aliamos a algo que sabemos ser letal, mas se achamos que pode nos trazer algum benefício, a mantemos e consequentemente somos envenenados e falecemos. A culpa não é da cobra, essa é sua natureza.
Já o nosso inimigo interno é a busca por algo que não temos, e deixamos de perceber o quão somos felizes com o que já conquistamos.
Parabéns!
Um forte abraço!
Como dizer algo de quem se consagrou com suas publicações que servem de referência em várias partes do mundo.
O texto em sí demonstra o que todos nós enfrentamos, muitas vezes, caminhando lado a lado.
Vale a pena refletir, entender, e assimiliar o que é melhor.
Parabéns pela cronica apresentada.
Adorei
Um forte abraço
Mad
Realmente somos estranhos a nós mesmos e sempre nesta busca de auto-conhecimento; o espelho sempre reflete o averso de nossa verdadeira imagem.
Olá Márcia!
São dois textos muito interessantes e gostei muito da tua análise. Sem dúvida que temos mesmo que aprender a ser os nossos melhore amigos. Eu penso que os inimigos externos são mais fáceis de detectar se agirmos com lógica e racionalidade. Já os internos,podem pregar-nos grandes partidas!
Beijos
Luísa
Fantástica, está essa reflexão!
essa é a grande verdade, nós não nos conhecemos, e por isso é que caímos sempre...Acreditamos no ego e achamos que todos querem nos "pegar", o que temos que aprender é a confiar em nosso eu Maior.
Parabéns a você e ao Ebrael.
Fique na luz e paz
Muito Interessante!
Eu concordo que muitos dos inimigos que nos prejudicam,
somos nos mesmos que sevamos...
Seria bom se reinacem o bem em todas as pessoas, seria bom se poudessemos confiar no próximos seja ele quém for...
Mas infelismente não podemos.Coitada da menina cuidou da cobra e depois foi mordida.
é triste.
O texto foi muinto importante para mim, trouxe muito conhecimento.
Abraço.
Marcia muito bom seu post, merece uma prfunda reflexão diante dos fatos apresentados.
Abraços forte
Marcia,minha amiga
Os dois textos são transparentes,dá para entender ,a nossa atitude perante o desconhecido.
Nunca devemos confiar naquilo que conhecemos pouco,sem analisar primeiro.
beijnhos
joana
Seus posts são reflexivos, nos leva mesmo a pensar...
E devemos realmente ser nossos melhores amigos, e honestos consigo mesmos...
Márcia,
Sua análise foi ótima e precisa. Senti muita sinceridade e autenticidade no que falou. E eu valorizo muito quando escrevem de forma genuína e original.
Eu, particularmente, tenho uma visão um pouco mais ampla e diluída sobre o que é um Inimigo. Não acho a Inimizade um sentimento realmente destrutivo. A cara e a coroa são opostas, mas sáo a mesma moeda, e valem tanto um como a outra como tal, como moeda.
Se a amizade nos acolhe e nos dá o bálsamo, a inimizade nos testa, nos sacode da mesmice e nos força a agir para evoluir e andar pra frente. Nos devolve o gosto pelo crescimento, pq não vamos querer "perder" para o outro. È egoista isso? É sim, mas ao menos abandonamos a mediocridade do "ficar encima do muro". A inimizade nos obriga a nos manifestar!!
O verdadeiro ódio, eu penso, vem da indiferença. Não conferir a devida importância a algo ou alguém, seja como amigo ou adversário, isso sim machuca e corrompe. Esse é o veneno maligno, destinado a quem se quer ver destruído.
Um inimigo é sempre um amigo que não anda conosco de mãos dadas, mas que nos cuida, ainda que involuntariamente.
Bjs e boa noite!!
Parabéns pelo texto, tive conhecimento através de uma recomendação no dihitt.
Aquilo que foi dito é verdade e faz pensar...
Abraço,
Celso Azevedo
Márcia,
Os textos são excelentes e, verdadeiramente, nos
faz pensar em algumas coisas. Na vida, deparamo-
nos com pessoas semelhantes à serpente da história
ou as muitas que conhecemos de alguma forma:
visitas ao zôo, documentários, livros etc. Ainda
assim, mesmo sabendo do risco de ser picado e
envenenado, na maioria das vezes, pagamos para
ver. Ou achamos que na hora do bote saberemos nos
esquivar, ou mesmo sendo picados o veneno, uma vez
em nós injetado, não causará o mal maior. Puro
engano!
Ainda que seja assim, creio que - salvar cobras -
faz parte do aprendizado da vida: para nós mesmos
ou para que outros aprendam a partir da nossa
experiência. Discernimento e sabedoria está ao
alcance de quase todos. Porém, poucos se abeberam
dela.
A inimizade interna parece, a meu ver, um mal
maior a atingir mais pessoas sim. Você já deve ter
ouvido falar ou lido este ditado popular: "A
inveja matou Caim".
Caim e Abel eram dois irmãos. Caim era agricultou
e Abel pastor de ovelhas. Ambos apresentaram suas
ofertas a Deus. Relata a Bíblia (Gênesis 4:3-8)
que Deus agradou-se da oferta de Abel - o
primogênito das suas ovelhas - mas "do fruto da
terra - a oferta de Caim - não se agradou. Caim
irou-se fortemente e o seu semblante se abateu
deveras. Deus, então, perguntou-lhe: "Por que te
iraste? E por que descaiu o teu semblante?
Se bem fizeres, não é certo que serás aceito? E se
não fizeres bem, o pecado jaz à porta, e sobre ti
será o seu desejo, mas sobre ele deves dominar".
Após esta conversa com Deus, Caim foi até o seu
irmão e, no campo, o matou.
Fica claro que Caim ofertou com interesse, enquanto Abel o fez espontaneamente. Vendo que não agradara a Deus, Caim invejou o irmão e passou a odiá-lo. Caim tornou-se inimigo dele próprio primeiro e depois de Deus e de Abel.
A inimizade interna tem como raízes alguns sentimentos ruins como: a culpa, o complexo de inferioridade, a inveja, o ódio, o orgulho, o rancor, o ressentimento... A cura para todas estas coisas advém quando a pessoa se conscientiza de que tudo isso não leva a nada, senão à destruição do próprio ser.
Abraço do amigo,
Antonio
Olá amiga Márica, excelente texto e muito instrutivo. Amigos verdaderos não se compra se conquista. As pessoas que se dizem amigas e não são, vivendo nos fazendo mal, é um teste o qual todos nós passamos e devemos aprender com eles, tornodo-nos mais fortes e perceptivos.
Bjão.
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