Livro de jornalista que acompanhou a inauguração de Brasília destaca os fatos mais importantes ocorridos antes e depois de 1960, quando o sonho de Juscelino Kubitschek, literalmente, se concretizou
Há exatos 50 anos, o então presidente Juscelino Kubitschek transmitia uma mensagem de ação de graças ao povo brasileiro. No mesmo dia, uma comissão de personalidades visitou JK para sugerir uma fundação que representasse o pensamento das elites intelectuais do país. Um ano antes, em 1958, chegava a Brasília um grupo de autoridades vindas de Anápolis (GO), no trem experimental para a futura capital. O dia 26 de novembro guarda momentos memoráveis em diferentes anos da história da capital. Estes e outros fatos estão registrados no livro Efemérides — As grandes datas de Brasília e JK, que será lançado amanhã na Biblioteca Nacional.
Exemplares antigos de jornais, livros e relatos de pioneiros detalham os acontecimentos que antecederam a inauguração de Brasília e fatos importantes dos anos seguintes. Tudo estava espalhado em centenas de publicações, gravações e vídeos. Durante seis anos, um jornalista organizou a maçaroca de informações em uma enciclopédia da cidade. Aos 73 anos, Adirson Vasconcelos lança o livro das efemérides, uma coletânea de dados com tudo o que se passou antes e depois do 21 de abril de 1960.
O autor guarda os blocos usados na apuração de reportagens no tempo em que mandava novidades de Brasília para o mundo. Em 1957, ele desembarcou no Planalto Central para escrever sobre a construção. A cada aniversário da cidade, o pioneiro montava uma pasta com jornais publicados no dia e lembranças da festa. Todo esse material foi resumido em itens e separado por dia. O dia 26 de novembro, por exemplo, tem 14 tópicos, de 1958 a 2010. De 1º de janeiro a 31 de dezembro, todos os dias do ano são acompanhados pelos fatos correspondentes. São 1.160 páginas da história da capital.
“O que eu tive por Brasília era paixão. Quando cheguei aqui, em maio de 57, já senti algo diferente”, lembrou Adirson. No primeiro contato com JK, em uma festa oferecida por Assis Chateaubriand, surgiu uma longa amizade. Dos encontros com o presidente, autoridades em visita a Brasília e com os candangos que construíam a cidade, saíram os textos que contariam o desenvolvimento da cidade.
Datas relevantes
Os tópicos referentes ao período de 1957 a 1960 mostram o empenho em concluir a obra a tempo. “Todo mundo tinha um ideal, era entusiasmado. JK colocou na cabeça de todos que estávamos construindo a capital do Brasil. Ele dizia: ‘Conto com vocês para a inauguração’”, lembra. Em 2003, o jornalista sentiu a necessidade de organizar os arquivos guardados em casa e escrever o livro que há muito vinha idealizando. “É um resgate que nenhuma cidade tem de seus fundadores”, comentou. Documentos oficiais, anais da Câmara e do Senado e registros antigos ajudaram no trabalho.
Os dias 21 de abril e 31 de dezembro ganharam tratamento especial do autor. “Me prendi nesses dias para deixar o leitor ciente do que aconteceu”, reforçou. Em 21 de abril de 1959, um ano antes da inauguração da cidade, foi aberta a primeira biblioteca pública de Brasília, na segunda avenida do Núcleo Bandeirante. Naquele dia, operários concretaram as lajes dos últimos pavimentos dos 14 primeiros blocos construídos no Plano Piloto.
A festa de inauguração, em 1960, é detalhada. Mais de 100 mil pessoas moravam no DF e presenciaram um espetáculo de fogos de artifício. A Arquidiocese e a Catedral Metropolitana foram instaladas no mesmo dia. Deputados e senadores realizaram sessões preparatórias, seguidas pela instalação solene do Congresso Nacional.
Um ano inesquecível
Adirson destacou o 1º de fevereiro de 1956, quando JK suspendeu a censura aos órgãos de divulgação e publicidade do Brasil, como jornais, revistas, estações de rádio e televisão. Em 18 de abril de 1956, JK assinou uma mensagem ao Congresso Nacional propondo a mudança da capital e a criação da Novacap, em funcionamento até hoje na cidade.
Em 2 de outubro de 1956, JK visitou pela primeira vez o lugar onde seria construída Brasília. O avião desceu ao meio-dia e foi até a Fazenda Gama, a 16 quilômetros do centro. “O presidente sentou em uma árvore e escreveu no livro de ouro: ‘Deste Planalto Central, desta solidão, que em breve se transformará no cérebro das altas decisões nacionais, lanço meus olhos, mais uma vez, para o futuro do país’”, recorda Adirson, com precisão.
O início das obras marcou a passagem do jornalista por Brasília. “Um momento extraordinário foi 3 de maio de ‘957, o começo da construção. A primeira missa foi no dia 3, às 10h. Veio tanta gente, foi marcante”, afirmou.
O leitor atento perceberá passagens associadas ao ano de 2010. Adirson se adiantou aos fatos e escreveu os aniversários que devem ser comemorados no próximo ano. “Nos itens de 2010, falo um pouco sobre todos os anos de Brasília, como a cidade se formou. Estou dizendo que Brasília tem mais futuro do que passado”, concluiu.
Trecho do livro
O que aconteceu em 26 de novembro?
1958 — Vindas de Anápolis, chegam a Brasília as autoridades que participaram da viagem do terceiro trem experimental Rio/Brasília.
1959 — Juscelino Kubitschek recebe, no Palácio do Catete (RJ), uma comissão de personalidades. Eles sugerem a criação de uma fundação destinada a representar o pensamento das elites intelectuais do país.
1967 — O governo francês doa a Brasília a escultura Solarius, do artista francês Ange Falchi. Também conhecida como Pioneiros candangos, a peça fica na BR-040 e mede 15m de altura.
1968 — Fulvio Vigine Machado é empossado administrador de Taguatinga.
1992 — É criada a Estação Ecológica do Jardim Botânico(1), no Lago Sul.
1993 — A 12ª edição da Feira do Livro de Brasília é aberta no Pavilhão de Exposições do Parque da Cidade. O homenageado do ano é Roberto Marinho.
Preservação
A Estação Ecológica do Jardim Botânico de Brasília preserva as cabeceiras do Córrego Cabeça de Veado e reúne espécies da flora do Cerrado. O parque abrange aproximadamente 5 mil hectares e está inserido na Área de Proteção Ambiental (APA) Gama Cabeça de Veado. No local, já foram registradas 76 espécies de mamíferos, 257 aves, 49 répteis e 24 anfíbios.
Fonte: http://www.correiobraziliense.com.br
Bom , ainda não comprei o livro, mas quis indicá-lo quando lí a reportagem sobre ele assim mesmo por achar interessante a ação do jornalista que o escreveu. Saber que ele usou seus arquivos pessoais da época que transmitia ao resto do país como estava o andamento da construção de Brasilia é um incentivo para os profissionais da comunicação. Para os fãs de JK e de Oscar Niemeyer é uma leitura que com certeza dará muito prazer . Pelo menos o livro retrata a cidade antes dela virar esse paraíso de ladrões de terno e gravata, como vimos nessa última semana com mais um escândalo de mensalão .
Márcia Canêdo
Bom , ainda não comprei o livro, mas quis indicá-lo quando lí a reportagem sobre ele assim mesmo por achar interessante a ação do jornalista que o escreveu. Saber que ele usou seus arquivos pessoais da época que transmitia ao resto do país como estava o andamento da construção de Brasilia é um incentivo para os profissionais da comunicação. Para os fãs de JK e de Oscar Niemeyer é uma leitura que com certeza dará muito prazer . Pelo menos o livro retrata a cidade antes dela virar esse paraíso de ladrões de terno e gravata, como vimos nessa última semana com mais um escândalo de mensalão .
Márcia Canêdo
6 comentários:
O meu pai trabalhou na construção de Brasilia, contava muita coisa, sobre a construção, o terreno, e políticos. Algumas poucas fotos eu tenho dele lá durante os anos de construção. Sempre gosto de ler a respeito por causa dele.
Marcia Muito boa matéria, sempre bom trazer as margens a história de nosso país.
Abraços forte
Márcia
Muito interessante o seu post, fiquei com vontade de conhecer o livro.
Cito, também, que é importante conhecer, por vários ângulos, os motivos para a construção de Brasília, além de conhecer o que se tornou Brasília hoje e as perspectivas.
Parabéns pelo post.
Um abraço.
Nelson
Olá Márcia,
Ótima indicação de livro!
Sem dúvida saber um pouco mais da construção de Brasília e das datas importantes envolvendo a história do país são importantes para o aprendizado, e aumento do conhecimento da identidade de Brasília.
Abraços.
Olá querida Márcia.
Brilhante seu post.
A cidade que o autor descreve e suas palavras que registram a ocasião em que “O presidente sentou em uma árvore e escreveu no livro de ouro: ‘Deste Planalto Central, desta solidão, que em breve se transformará no cérebro das altas decisões nacionais, lanço meus olhos, mais uma vez, para o futuro do país’” levam-me às lembranças da construção de Brasília, das notícias da sua evolução, de uma cidade construída de forma diferente, como jamais visto; uma revolução da arquitetura na época, uma cidade de sonhos para o país do futuro.
Esse livro, certamente será um sucesso. Vou querer ler e e logo.
Pena que essa cidade maravilhosa, Capital do país do futuro,se transformou num lugar que causa repulsão e pesar pelos "hóspedes" que lá habitam e seus desmandos sem freios na política nacional.
Fraterno e carinhoso abraço,
Lilian
Márcia,
Esse livro é uma excelente indicação. Eu perco-me um bocado nesse tipo de leituras, especialmente quando elas são ilustradas com fotos ou desenhos ao longo dos tempos. Aqui há tempos consegui encontrar uns desenhos extraordinários sobre a Avenida da Liberdade (em Lisboa) em diferentes épocas. Lindo!
Beijos
Luísa
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