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quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

A revolução do sistema Braille


Qualquer pessoa com algum grave problema de visão que faça uma visita à Biblioteca Nacional, no centro do Rio de janeiro, conseguirá ler — ou ouvir — a maioria das obras que estão disponíveis para a maior parte do seu público, ou seja, aqueles que têm olhos de lince ou que conseguem se virar atrás de lentes de qualquer grau.

Na área para deficientes visuais da biblioteca, os visitantes com “baixa visão” (aqueles que enxergam, mas enxergam muito mal) têm à disposição um ampliador de textos eletrônicos para que possam ler sem dificuldades as obras do acervo digital. Já os cegos podem usar um scanner que funciona como leitor autônomo ou como transcritor para um aparelho chamado “linha Braille”.

No primeiro caso, pode-se ouvir por meio de um fone o que está sendo escaneado; no segundo, o conteúdo do livro é convertido automaticamente para um leitor em braille dinâmico, no qual os pontos em relevo que caracterizam o método vão subindo e descendo ao correr dos dedos, formando palavras, frases, parágrafos, capítulos e livros inteiros em uma pequena superfície eletrônica, proporcionando o prazer incomparável da leitura àqueles que a natureza privou da visão, ou que foram privados dela por alguma fatalidade da vida.

Duas colunas, cada uma com três pontos, cujas combinações resultam em 64 símbolos em relevo. Apenas um pontinho em relevo no canto superior esquerdo é a letra “a” do alfabeto Braille. Para formar a letra “b”, basta acrescentar um segundo pontinho, logo abaixo, e assim sucessivamente. Já os números são formados por combinações de celas, como são chamados cada conjunto de duas colunas de pontos onde se produz um símbolo Braille — a base do código.


Simples, mas quanta diferença tamanha simplicidade é capaz de fazer! Aliado à tecnologia, então, nem se fala. O francês Louis Braille talvez não pudesse imaginar que o sistema de escrita e leitura em relevo inventado por ele há quase dois séculos fosse abrir as janelas do mundo e da alma para milhões e milhões de pessoas ao longo de todo este tempo.

Aos 17 anos, quando já ensinava o método a parisienses cegos — às escondidas, porque ainda não era algo oficialmente reconhecido — ele não poderia supor que no início do século XXI haveria até mesmo um aparelhinho chamado “Mouskie”, um mouse de computador que facilita a aprendizagem do alfabeto Braille. Ele, que viveu muito, muito antes de alguém falar pela primeira vez em informática.

Com ou sem a ajuda do “Mouskie”, leva-se menos tempo para aprender o Braille do que costumeiramente se imagina. Não é o caso de se deparar com uma nova língua; trata-se apenas de se familiarizar com um novo alfabeto. Um curso para normovisuais — os que enxergam normalmente — não costuma exceder as 30 horas. Aprender o código é fundamental para familiares de pessoas cegas e para aqueles que trabalham com quem tem esta deficiência.

No Brasil há 2,5 milhões de deficientes visuais, entre portadores de “baixa visão” ou de cegueira. O primeiro passo para garantir seus direitos de cidadania foram dados ainda no século XIX, quando Dom Pedro II criou o Imperial Instituto dos Meninos Cegos, em 1854. Dois anos depois, em 1856, o método Braille começou a ser adotado por aqui. Mais tarde, em 1891, a instituição recebeu o nome que tem hoje: Instituto Benjamin Constant (IBC). Está sediado no bairro carioca da Urca. Foi a primeira escola para cegos da América Latina.

Lá funciona desde 1863 a imprensa Braille, que produz livros didáticos e técnicos que são enviados para todo o país. Desde 1998 a gráfica do Benjamin Constant imprime também cardápios, calendários, manuais diversos e cédulas eleitorais. O instituto ainda edita e distribui as duas únicas revistas informativas periódicas impressas em Braille em território nacional: a Revista Brasileira para Cegos, que tem 2000 assinantes, e a Pontinhos, voltada para o público infanto-juvenil.

No dia 4 de agosto do ano passado, o bispo Marcelo Crivella distribuiu santinhos em Braille no Instituto Benjamin Constant durante sua candidatura fracassada à prefeitura do Rio. Isto Louis Braille também não poderia prever.

Segundo a Organização Mundial de Saúde, em todo o mundo são cerca de 180 milhões de deficientes visuais. Todos devem muito a Braille, o Louis, que nasceu há dois séculos em Coupvray, ficou cego quatro anos depois em um acidente na oficina do seu pai, foi mandado para o Instituto Real para Jovens Cegos de Paris, e lá criou o código que leva seu nome a partir de um método de transmissão de informações no escuro desenvolvido por um militar francês. Ele revolucionou não o seu país, que isto já havia sido feito por Robespierre, Marat e Danton, mas sim o dia-a-dia de pessoas comuns, de todo o planeta, cuja deficiência significa dificuldades redobradas para levar uma vida que muitas vezes já seria dura demais. Em 1952 o governo francês transferiu seus restos mortais para o Panthéon, em Paris, onde estão sepultados os heróis da França. No caso de Braille, do mundo.

Confira a grafia braille da língua portuguesa no site do Instituto Benjamin Constant.

Fonte: http://www.opiniaoenoticia.com.br/

Achei digno de divulgação a iniciativa da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro de disponibilizar praticamente todo acervo para portadores de deficiências parciais ou totais de visão, na linguagem braille.  É de direito de todo cidadão o acesso a cultura, aos livros , outras entidades deveriam seguir esse exemplo e com o incentivo do governo comprar os equipamentos necessários , essa parte que pega né ... precisar da ajuda do governo é sempre uma complicação. Mas vale a pena cobrar de nossos governantes, afinal 2010 num é ano de eleição, antes de ser  ano de Copa do MuUndo ?!

Bom muitos já leram uma pesquisa que divulguei a menos de 2 meses sobre o número de livros que o brasileiro lê por ano, se mais estados fizerem ações como esta do Rio de Janeiro, esses números podem subir. A leitura é um bem precioso que leva a pessoa a viajar sem sair do lugar, proporcionar essa experiência a quem se viu impedido não porque não goste, mais porque nasceu com um problema na visão ou a total falta dela, para mim é algo fantástico .

Para quem quiser ter a sensação de como seria ficar totalmente cego , indico um filme chamado Ensaio da Cegueira. Alí dá para sentir qual seria nossa reação a privação da visão. É um filme chocante,de cenas fortes e por vezes revoltantes, porém altamente reflexivo, mais por isso mesmo que acredito que todos devessem assistir , porque a partir desse dia dará muito mais valor a vida , mesmo ela com todos os obstáculos . Por esse e outros motivos que aplaudo de pé essa iniciativa da Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, esperando mesmo que utipicamente, a disseminação desse incentivos a cultura e leitura por eles oferecida.

Márcia Canêdo

By JORNALISMO ANTENADO with 10 comments

10 comentários:

Comadre Márcia,
nessas andanças com o Projeto Livro Sem Fronteiras conheci muita gente boa, dentre tantas a Srª Vera Saboya superintendente de Conhecimento e Leitura da Sec de Cultura do Rio de Janeiro, que fora convidada pela Secretária Sª Adriana Rattes pra essa superintendência, e posso garantir que não havia melhor escolha, a mulher é a competência e paixão a flor da pele, pela leitura.
Preparem-se , pois muita coisa boa ainda virá por aí sob o crivo desse timaço da Secretaria de Cultura.
Tenho a honra e orgulho de dizer que temos tido portas abertas por lá e muito apoio como podem ver no nosso blog, inclusive quem ainda não a conhecer, tem fotos lá, ok?
Forte abraço, seu compadre,
Fernando.

Você tem toda razão. Não se pode deixar passar em branco iniciativas como essa. Parabéns pela postagem!
Felizmente os "deficientes" conseguiram mostrar a NOSSA deficiência (ignorância)e conquistaram espaços para mostrar suas competências.
Em São Paulo nós temos a Biblioteca Louis Braille do Centro Cultural. Muito bom mesmo.
Beijos
Bel

Muito boa sua matéria, os deficientes visual precisam deste método e a biblbioteca tomando essas providencias irá beneficiá-los grandiosamente, parabéns por esta noticia e post sensacional.
Abraços forte

Marcia
Nascido a 4 de janeiro de 1809, na pequena cidade francesa de Coupvray, no distrito de Seine-et-Marne, a cerca de 45 km de Paris, Braille era cego desde os três anos de idade. Ele ferira o olho esquerdo ao tentar perfurar um pedaço de couro na oficina do pai. A infecção produzida pelo acidente expandira-se e atingira o outro olho, provocando a cegueira total.
Somente após a morte precoce, de Braille, a 6 de janeiro de 1852, alguns franceses iniciaram uma campanha para transformar seu sistema em padrão europeu. Na Alemanha, foi adotado no ensino para cegos em 1879. Em 1951, a Unesco criou seu código internacional oficial do braille e fundou o Conselho Mundial Braille, a fim de uniformizar a escrita para cegos em todo o mundo.
Abraços!
Felipe

Meu seu blog é espetacular, show, not°10 desejo muito sucesso em sua caminhada e objetivo no seu Hiper blog e que DEUS ilumine seus caminhos e da sua família
Um grande abraço e tudo de bom
Ass:Rodrigo

Eu não vou há muito tempo lá.
E com o que vc disse, dá vontade
de fazer uma visita.
Eu sempre achei a BN maravilhosa
em tudo que aspecto.
A minha filha tem um livro infantil
que é a coisa mais linda, sempre
que leva à escola faz o maior sucesso.

Bjs

Acho a BN patrimônio da humanidade, isso se ainda não o é!! Louvável iniciativa, consoante os avanços tecnológicos que devem contemplar a todos, sem distinção!!

Inclusão Social e Educação Digital para todos, e também para os portadores de necessidades especiais.

Bjs Márcia!!

Olá amiga Márcia, esta é uma excelente matéria. Todas as bibliotecas do País deveriam copiar este modelo, pois ele é muito importante para as pessoas com deficiência visual. Pena que não moro no Rio para conferir este ato de nobreza.

Abraços.

Olá querida Márcia,

Sem dúvida uma notícia digna de divulgação. Esperamos que as obras em Braille contribuam para o aumento do número de livros lidos no Brasil por ano.

Parabéns pela iniciativa!
Beijos.

Todo iniciativa inclusiva está de parabéns, não só pela proposta, mas também por resistir. O Sistema Braile ainda não é realidade possível para milhares de pessoas que querem estudar ou cursar uma careira. Ainda falta interesse político para estas iniciativas.
Bibliotecas, faculdades, universidades, escolas e etc deveriam garantir, juntamente com o poder público locais de acesso, produção e divulgação de materiais voltados para os que tem necessidades especiais.
Parabéns pela matéria!

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