Julieta Augusta era como toda jovem do séc XXI, principalmente no quesito revoltada sem causa. Aliás não diria que faltasse motivos para revolta já que sua mãe teve a infeliz ideia de lhe presentear com um nome duplo. Mero detalhe que o nome Julieta não combina com nenhum outro, portanto, mesmo sendo homônima de uma grande heroína de Shakespeare a jovem era infeliz em conviver com sua sina.
Fora a questão do nome, a jovem estava em idade onde as grandes paixões acontecem e mesmo morando em uma cidade do interior mineiro a era informatizada não impedia seu contato com um mundo de opções. Pois bem, foi numa bela noite de verão em um desses sábados que a gente daria um dedo da mão pra ter onde ir mas não apareceu nenhum convite interessante, Julieta por puro tédio entra numa sala de bate-papos. Neste ponto se torna necessário um adendo: quem já se aventurou nos chamados chats da web há de concordar que a criatividade nos nick names (apelidos virtuais) são de desanimar um santo . Foi neste ambiente eclético e ambivalente que Julieta começa a conversar justamente com um Romeu.
Claro, esse Romeu na realidade se chamava Carlos, mas como se considerava romântico e era fã do drama shakesperiano resolveu usar esse codinome. Inevitavelmente devido a proximidade pelo nome os jovens começaram a conversar e tal foi a interação que em pouco tempo já partiram para troca de msn. Ai sim, conectados pelo msn que possibilita a conversa em tempo real e dependendo até com os recursos de áudio e vídeo, os dois iniciaram uma paquera virtual que faria ambos ficarem horas juntos na web se conhecendo mais a cada teclada.
Tal qual na tragédia veronense, agora vivida entre uma mineira e um carioca, esse amor teria toda sorte de problemas que impediam a felicidade total do casal. A jovem Julieta além de ter apenas 18 anos e ser estudante do cursinho pré vestibular, não trabalhava sendo sustentada totalmente por seus pais que a mantinham sob uma rígida criação. Carlos por sua vez tinha a mesma idade porém já trabalhava para ajudar no sustento da familia , tinha largado seus estudos o que o fazia ser o último dos escolhidos pelo pais de sua amada como pretendente a futuro genro.
Mesmo com tanto amor , idas e vindas do Rio para a cidade mineira , finais de semana divididos entre beijos e discórdia pela implicância da familia da moça, o romance do casal não parecia ter um futuro próspero. Que o diga as mensagens trocadas no facebook e orkut, entremeadas de ciúmes de ambas as partes, comum em namoros à distância. Os jovens a cada dia não aguentavam a pressão e a saudade que sentiam um do outro. Numa tentativa de acabar logo com esse sofrimento decidiram fugir para enfim ficarem juntos sem entraves. Combinaram então que na próxima visita de Carlos na casa de sua amada dariam um jeito de armar a fuga.
Mas isso já é assunto para a próxima semana...
Fonte: Imagens: Google
Texto: Márcia Canêdo
Márcia Canêdo